Bíblia de Estudo Pessoal

Mateus

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As Boas Novas Segundo Mateus, 22

Notas do capítulo
  • K. Jesus termina sua pregação em Jerusalém (21:1–23:39)

  • Entrada triunfal de Jesus em Jerusalém (21:1-11)

  • Jesus purifica o templo (21:12-17)

  • Jesus amaldiçoa uma figueira (21:18-22)

  • Sacerdotes e anciãos questionam autoridade de Jesus (21:23-27)

  • Ilustração do pai e dos dois filhos (21:28-32)

  • Ilustração dos lavradores maus (21:33-46)

  • Ilustração da festa de casamento (22:1-14)

  • Deus e César (22:15-22)

  • Pergunta sobre a ressurreição (22:23-33)

  • Dois maiores mandamentos (22:34-40)

  • O Cristo é filho de Davi? (22:41-46)

  • Não imitem os escribas e os fariseus (23:1-12)

  • Ai dos escribas e dos fariseus (23:13-36)

  • Jesus lamenta por Jerusalém (23:37-39)

1 Jesus lhes falou novamente com ilustrações, dizendo:

  • ilustrações: Ou: “parábolas”. — Veja a nota de estudo em Mt 13:3.

2 “O Reino dos céus pode ser comparado a um rei que fez uma festa de casamento para o seu filho.

3 Ele mandou seus escravos chamar os convidados à festa de casamento, mas estes não quiseram ir.

4 Mandou novamente outros escravos, dizendo: ‘Digam aos convidados: “Já preparei o banquete; meus touros e meus animais gordos já foram abatidos e tudo está pronto. Venham à festa de casamento.”’

5 Mas os convidados, indiferentes, foram embora, um para seu próprio campo, outro para seu negócio;

6 e os outros agarraram os escravos dele, os maltrataram e os mataram.

7 “O rei ficou furioso e enviou seus exércitos, matou aqueles assassinos e queimou a cidade deles.

8 Depois disse aos seus escravos: ‘A festa de casamento está pronta, mas os convidados não eram dignos.

9 Portanto, vão às estradas que saem da cidade e convidem para a festa de casamento a qualquer um*1 que encontrarem.’

  1. Ou: “todos os”.

10 Então, esses escravos foram às estradas e reuniram todos os que encontraram, tanto maus como bons, e a sala para a cerimônia do casamento ficou cheia de convidados.*1

  1. Ou: “de convidados para o banquete; de pessoas recostadas à mesa”.

11 “Quando o rei entrou para verificar os convidados, viu um homem que não estava usando roupa de casamento.

  • roupa de casamento: Por ser o casamento de um membro da família real, é possível que o anfitrião tivesse fornecido aos convidados uma roupa especial para aquela ocasião. Nesse caso, quem não usasse a roupa especial estaria mostrando um grande desrespeito.

12 Disse-lhe, portanto: ‘Amigo, como você entrou aqui sem roupa de casamento?’ Ele ficou sem fala.

13 O rei disse então aos seus servos: ‘Amarrem as mãos e os pés dele, e lancem-no na escuridão lá fora. Ali é que haverá o seu choro e o ranger dos seus dentes.’

  • ranger dos seus dentes: Veja a nota de estudo em Mt 8:12.

14 “Porque há muitos convidados, mas poucos escolhidos.”

15 Então, os fariseus foram embora e fizeram planos para apanhá-lo nas suas palavras.

  • para apanhá-lo: O verbo grego traduzido aqui como “apanhar” era usado no contexto de caça e significa literalmente “pegar numa armadilha”, como se pega um pássaro numa rede. Em Ec 9:12 a Septuaginta usa essa mesma palavra grega para traduzir uma palavra hebraica que significa “capturar com uma armadilha”. Os fariseus usaram elogios falsos e perguntas que não eram sinceras (Mt 22:16, 17) para induzir Jesus a dizer algo que pudesse ser usado contra ele.

16 Depois, enviaram-lhe seus discípulos, junto com partidários de Herodes, para lhe dizer: “Instrutor, sabemos que o senhor é verdadeiro e que ensina o caminho de Deus em verdade, e que não busca agradar a homens, pois não olha para a aparência das pessoas.

  • partidários de Herodes: Veja o Glossário.

17 Diga-nos, então: O que acha? É permitido*1 ou não pagar a César o imposto por cabeça?”

  1. Ou: “lícito; certo”.

  • César: Ou: “o Imperador”. O imperador romano dos dias de Jesus era Tibério, mas a palavra “César” não se referia apenas ao imperador que estivesse governando no momento. Podia se referir ao governo do Império Romano como um todo e também a seus representantes oficiais. Paulo os chamou de “autoridades superiores” e Pedro os chamou de “rei” e “governadores”. — Ro 13:1-7; 1Pe 2:13-17; Tit 3:1; veja o Glossário.

  • imposto por cabeça: Imposto anual que o Império Romano cobrava de todos os que tinham sido registrados por um censo. (Lu 2:1-3) O valor cobrado provavelmente era de um denário, o equivalente a um dia de trabalho.

18 Mas Jesus, conhecendo a maldade deles, disse: “Hipócritas, por que vocês me põem à prova?

  • Hipócritas: Veja a nota de estudo em Mt 6:2.

19 Mostrem-me a moeda do imposto.” Trouxeram-lhe um denário.

  • denário: Essa moeda romana de prata tinha o nome de César inscrito, ou gravado, nela. Era o valor que os romanos cobravam dos judeus como “imposto por cabeça”. (Mt 22:17) Nos dias de Jesus, os trabalhadores rurais geralmente ganhavam um denário por um dia de trabalho (12 horas). As Escrituras Gregas Cristãs muitas vezes usam o denário como base para calcular outros valores em dinheiro. (Mt 20:2; Mr 6:37; 14:5; Ap 6:6) Em Israel, as pessoas usavam várias moedas de cobre e de prata em seu dia a dia. Para pagar o imposto do templo, elas usavam moedas de prata produzidas em Tiro. Mas, para pagar os impostos que Roma cobrava, as pessoas pelo visto usavam o denário de prata que trazia a imagem de César. — Veja o Glossário e o Apêndice B14-B.

20 Ele lhes perguntou: “De quem é esta imagem e inscrição?”

  • imagem e inscrição: Naquela época, o denário trazia no lado da frente a imagem da cabeça do imperador romano Tibério (que reinou de 14 a 37 d.C.) usando uma coroa de louros. Havia também uma inscrição em latim que dizia: “Tibério César Augusto, filho do divino Augusto”. — Veja também o Apêndice B14-B.

21 Responderam: “De César.” Então ele lhes disse: “Portanto, paguem a César o que é de César, mas a Deus o que é de Deus.”

  • paguem: Lit.: “devolvam”. As moedas eram produzidas por ordem de César e, por isso, ele tinha o direito de exigir algumas delas de volta. Mas ele não tinha o direito de pedir que uma pessoa dedicasse sua vida a ele. É Deus quem dá aos humanos “vida, fôlego e todas as coisas”. (At 17:25) Assim, somente ele merece nossa dedicação. Quando um humano dedica sua vida a Deus, ele está como que pagando, ou devolvendo, a Deus um pouco do que recebeu. Deus tem o direito de exigir nossa devoção exclusiva.

  • a César o que é de César: Esta resposta de Jesus, que também aparece nos relatos paralelos de Mr 12:17 e Lu 20:25, é a única ocasião registrada na Bíblia em que Jesus fez referência ao imperador romano. ‘Pagar a César o que é de César’ inclui pagar por serviços prestados pelo governo, mostrar respeito e obedecer às autoridades em tudo o que não contraria as leis de Deus. — Ro 13:1-7.

  • a Deus o que é de Deus: As coisas “de Deus” incluem a adoração de todo coração, o amor de toda alma e a obediência leal em tudo. — Mt 4:10; 22:37, 38; At 5:29; Ro 14:8.

22 Quando ouviram isso, ficaram maravilhados e, deixando-o, foram embora.

23 Naquele dia, os saduceus, que dizem não haver ressurreição, se aproximaram e lhe perguntaram:

  • ressurreição: O substantivo grego usado aqui, anástasis, se refere literalmente à ação de “levantar; ficar de pé”. Ele aparece umas 40 vezes nas Escrituras Gregas Cristãs para se referir à ressurreição dos mortos. (Mt 22:31; At 4:2; 24:15; 1Co 15:12, 13) A Septuaginta usa em Is 26:19 um verbo grego relacionado com anástasis para traduzir o verbo hebraico para “viver” na expressão: “Os seus mortos viverão.” — Veja o Glossário.

24 “Instrutor, Moisés disse: ‘Se um homem morrer sem deixar filhos, o irmão dele deve se casar com a viúva para dar descendência ao seu irmão.’

25 Acontece que havia conosco sete irmãos. O primeiro se casou e morreu, e, visto que não tinha descendente, deixou a sua esposa para o seu irmão.

  • deixou a sua esposa para o seu irmão: Veja a nota de estudo em Mr 12:21.

26 O mesmo aconteceu com o segundo e com o terceiro, e assim com todos os sete.

27 Por último, morreu a mulher.

28 Assim, na ressurreição, de qual dos sete ela será esposa? Pois todos a tiveram como esposa.”

29 Em resposta, Jesus lhes disse: “Vocês estão enganados, porque não conhecem nem as Escrituras, nem o poder de Deus;

  • as Escrituras: Expressão muitas vezes usada para se referir às Escrituras Hebraicas como um todo.

30 pois, na ressurreição, os homens não se casam, nem as mulheres são dadas em casamento, mas são como os anjos no céu.

31 A respeito da ressurreição dos mortos, vocês não leram o que lhes foi falado por Deus, que disse:

  • ressurreição: Veja a nota de estudo em Mt 22:23.

  • Deus, que disse: Jesus estava se referindo aqui a uma conversa que Moisés e Jeová tiveram por volta do ano 1514 a.C. (Êx 3:​2, 6) Na época daquela conversa, já fazia 329 anos que Abraão tinha morrido, 224 anos que Isaque tinha morrido e 197 anos que Jacó tinha morrido. Mesmo assim, Jeová não disse: ‘Eu era o Deus deles.’ Ele disse: ‘Eu sou o Deus deles.’ — Mt 22:32.

32 ‘Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó’? Ele é o Deus, não de mortos, mas de vivos.”

  • Ele é o Deus, não de mortos: A tradução dessa frase está de acordo com os manuscritos mais antigos e mais confiáveis. Mas em alguns manuscritos a palavra “Deus” aparece duas vezes na frase, e por isso algumas Bíblias a traduzem como: “Deus não é Deus dos mortos.” Uma tradução das Escrituras Gregas Cristãs para o hebraico (chamada de J18 no Apêndice C4) usa o Tetragrama aqui. A frase da J18 poderia ser traduzida para o português como: “Jeová não é o Deus de mortos.” — Compare com Êx 3:​6, 15.

  • mas de vivos: Veja a nota de estudo em Mr 12:27.

33 Ouvindo isso, as multidões ficaram maravilhadas com o seu ensino.

34 Depois que os fariseus ouviram que ele havia silenciado os saduceus, reuniram-se num só grupo.

  • silenciado: O verbo grego também pode ser traduzido como “calar” (lit.: “amordaçar”). Essa palavra forte é bem apropriada, já que os saduceus tinham feito a pergunta só para tentar enlaçar Jesus. A resposta de Jesus foi tão perfeita que os saduceus não tinham mais o que dizer. — 1Pe 2:15, nota de rodapé.

35 E um deles, perito na Lei, o pôs à prova com uma pergunta:

36 “Instrutor, qual é o maior mandamento da Lei?”

37 Ele lhe disse: “‘Ame a Jeová, seu Deus, de todo o seu coração, de toda a sua alma e de toda a sua mente.’

  • Ame: O verbo grego traduzido aqui como “ame” é agapáo. Esse verbo e o substantivo relacionado agápe (amor) aparecem mais de 250 vezes nas Escrituras Gregas Cristãs. Quando 1Jo 4:8 diz que “Deus é amor”, a palavra usada ali é agápe. E, conforme a Bíblia mostra, Jeová é o exemplo supremo de alguém que mostra o amor agápe, um amor que é guiado por princípios e coloca os interesses dos outros acima dos seus. Uma característica do amor de Deus é a preocupação com as necessidades dos outros. Seu amor é leal e envolve ações, não apenas emoções. Imitar a Deus, mostrando o amor agápe, é uma escolha consciente. (Ef 5:1) Visto que os humanos têm essa capacidade, faz sentido que a Bíblia ordene que eles amem, como acontece no primeiro e no segundo mandamentos, mencionados neste versículo e no contexto. Jesus estava citando De 6:5. Nas Escrituras Hebraicas, o verbo para “amar”, ʼahév (ou ʼaháv), e o substantivo ʼahaváh (amor) são as principais palavras usadas para se referir ao amor e incluem as ideias transmitidas pelas palavras gregas agapáo e agápe. Quando são usadas com relação a amar a Jeová, elas se referem ao desejo de ser completamente dedicado e de servir apenas a ele. Jesus foi o exemplo perfeito de alguém que teve esse tipo de amor. Ele mostrou que amar a Jeová envolve mais do que um simples sentimento. O amor a Deus precisa governar a vida da pessoa como um todo, influenciando todos os seus pensamentos, suas palavras e suas ações. — Veja a nota de estudo em Jo 3:16.

  • Jeová: Esta é uma citação direta de De 6:5. No texto hebraico original de De 6:5, aparecem as quatro letras hebraicas que formam o nome de Deus (que equivalem a YHWH). — Veja o Apêndice C1.

  • coração: A Bíblia geralmente usa a palavra “coração” em sentido figurado para se referir a tudo o que uma pessoa é por dentro, incluindo seus pensamentos, sentimentos, atitudes e motivações. Mas, quando a Bíblia menciona a palavra “coração” junto com “alma” e “mente”, ela pelo visto assume um sentido mais específico e representa principalmente as emoções, desejos e sentimentos de uma pessoa. As três palavras usadas aqui (“coração”, “alma” e “mente”) não se referem a coisas totalmente diferentes uma da outra. Na verdade, elas se complementam. Juntas, elas destacam do modo mais forte possível que o amor a Jeová tem que ser completo.

  • toda a sua alma: Ou: “todo o seu ser”. — Veja o Glossário, “Alma”.

  • mente: Ou seja, a capacidade de pensar. A pessoa precisa usar sua capacidade mental para conhecer a Deus e desenvolver amor por ele. (Jo 17:3; Ro 12:1) O mandamento que Jesus citou aqui está registrado em De 6:5. O texto original hebraico usa três palavras que significam ‘coração, alma e força’. Mas o relato de Mateus em grego usa “mente” em vez de “força”. Essa diferença pode ter acontecido por vários motivos. Um deles é que não existia no hebraico antigo uma palavra específica para “mente”. O conceito de “mente” era muitas vezes incluído na palavra hebraica para “coração”. (De 29:4; Sal 26:2; 64:6; veja a nota de estudo em coração neste versículo.) Por esse motivo, a Septuaginta grega muitas vezes traduz a palavra hebraica para “coração” usando a palavra grega para “mente”. (Gên 8:​21; 17:17; Pr 2:​10; Is 14:13) Mas o conceito de “mente” também podia ser expresso usando-se a palavra hebraica para “força”, que pode se referir à força física e também à capacidade mental ou intelectual. Isso talvez explique por que Mateus traduziu a palavra hebraica para “força” usando a palavra grega para “mente”. De qualquer forma, o cruzamento de ideias entre as palavras hebraicas e gregas pode ajudar a explicar por que os escritores dos Evangelhos não usaram exatamente as mesmas palavras ao citar Deuteronômio. — Veja as notas de estudo em Mr 12:30; Lu 10:27.

38 Esse é o maior e primeiro mandamento.

39 O segundo, semelhante a esse, é: ‘Ame o seu próximo como a si mesmo.’

  • O segundo: Embora já tivesse respondido à pergunta do fariseu em Mt 22:37, Jesus foi além e mencionou um segundo mandamento. (Le 19:18) Dessa forma, Jesus ensinou que é impossível cumprir um mandamento sem cumprir o outro, e que toda a Lei e os Profetas podem ser resumidos nesses dois mandamentos. — Mt 22:40.

  • próximo: A palavra grega traduzida aqui como “próximo” pode se referir a uma pessoa que mora perto, mas também pode se referir a qualquer pessoa com quem se tem algum tipo de contato. — Lu 10:29-37; Ro 13:8-10; veja a nota de estudo em Mt 5:43.

40 Desses dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas.”

  • Desses . . . dependem: Ou: “Nesses . . . se baseiam”. O verbo grego traduzido aqui como “depender de” significa literalmente “estar pendurado em”. Jesus indicou aqui que não só a Lei e os Dez Mandamentos, mas todas as Escrituras Hebraicas estão “penduradas”, ou baseadas, no amor. — Ro 13:9.

  • toda a Lei e os Profetas: Veja a nota de estudo em Mt 5:17.

41 Então, enquanto os fariseus estavam reunidos, Jesus lhes perguntou:

42 “O que vocês pensam do Cristo? De quem ele é filho?” Disseram-lhe: “De Davi.”

  • do Cristo: Ou: “do Messias”. — Veja as notas de estudo em Mt 1:1; 2:4.

43 Ele lhes perguntou: “Como é, então, que Davi, sob inspiração, o chama de Senhor, dizendo:

  • sob inspiração: Lit.: “em espírito”. Ou seja, inspirado pelo espírito de Deus; sob a influência do espírito de Deus. — Veja o Glossário, “Espírito”.

44 ‘Jeová disse ao meu Senhor: “Sente-se à minha direita, até que eu ponha os seus inimigos debaixo dos seus pés”’?

  • Jeová: Esta é uma citação direta do Sal 110:1. No texto hebraico original desse salmo, aparecem as quatro letras hebraicas que formam o nome de Deus (que equivalem a YHWH). — Veja o Apêndice C1.

  • debaixo dos seus pés: Ou seja, debaixo de sua autoridade.

45 Então, se Davi o chama de Senhor, como é que ele é seu filho?”

46 E ninguém foi capaz de lhe dizer uma só palavra em resposta e, daquele dia em diante, ninguém se atreveu a lhe fazer mais perguntas.